Autoras:
Franciele Pirolli – Bioquímica e Diretora Técnica
Ariane Laura de Lima – Estagiária de Biomedicina
Hematúria é definida como a eliminação de uma quantidade anormal de hemácias na urina e devido à sua complexidade, apresenta diversas propostas de classificação.
Quanto à sua localização, as hematúrias podem ser classificadas em glomerulares, de origem nefrológica, ou não-glomerulares, de origem urológica. Quanto à intensidade do sangramento, são identificadas como macroscópicas, quando a coloração da urina sugere a presença de sangue, ou microscópicas, quando as hemácias são detectadas somente pela sedimentoscopia urinária.
Quanto à frequência, podem se apresentar de forma permanente (presença constante de hemácias no sedimento urinário), isolada (episódio único de hematúria), ou recorrente, quando há períodos de remissão do episódio hematúrico, com intervalos variáveis de meses até anos. Finalmente, quanto à repercussão clínica, são referidas ainda como sintomáticas ou assintomáticas.
O achado de hemácias na urina ocorre frequentemente de maneira ocasional, principalmente quando se utiliza o exame físico-químico por fitas reagentes para detecção de hemácias (hemoglobina) em exames de rotina.
No entanto, isso não traduz necessariamente um estado de doença. Algumas vezes, pode anunciar enfermidades nefrológicas ou urológicas e, nesses casos, são constantes as discussões na literatura sobre a validade de sua investigação.
O diagnóstico laboratorial é realizado através da microscopia por contraste de fase considerado o melhor método de análise do sedimento urinário, principalmente para o estudo do dismorfismo eritrocitário, dispensando o uso de colorações especiais.
Após a coleta, centrifugam-se 10ml de urina durante 5 a 10 minutos, numa velocidade de 1.500rpm. Posteriormente, removem-se 9,5ml do líquido sobrenadante e gentilmente ressuspende-se o sedimento naquele 0,5ml de urina restante, de onde se retira pequena alíquota para exame microscópico.
Nessa alíquota identificam-se as populações celulares, sendo necessário análise de pelo menos cem eritrócitos para avaliação do dismorfismo.
Uma coleta adequada é extremamente importante para garantir a representatividade da amostra, vários estudos na literatura relacionaram alguns fatores pré-analíticos capazes de interferir na avaliação do dismorfismo eritrocitário.
A coleta consiste em após a assepsia da região genital, coletar preferencialmente o jato médio da primeira urina da manhã, ou de qualquer outra hora, desde que se respeite estase vesical de pelo menos 2 a 4 horas.
Forçar a diurese por ingestão de grande quantidade de líquido não é aconselhado, pois as hemácias seriam facilmente lisadas em urinas diluídas (densidade < 1.006).
Embora não seja critério de exclusão, a prática de exercícios físicos intensos prévios à coleta também se desaconselha, pois, a relação entre exercício físico e hematúria descrita é confirmada por vários estudos na literatura. Em casos de períodos menstruais ou trauma do trato urinário, sugere-se aguardar alguns dias para a realização do exame.
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