Ainda um grande tabu social, os transtornos psicológicos acometem proporções cada vez maiores da população, quadro agravado pela pandemia do coronavírus iniciada em 2020.
Pessoas de todas as idades, classes sociais e profissões estão, neste momento, em processo de sofrimento emocional que impacta direta ou indiretamente na qualidade de vida, na produtividade e na inserção social desses indivíduos.
O conceito de saúde mental é amplo e multifatorial, mas em geral, denota um estado em que o indivíduo consegue se desenvolver, lidar com as situações de forma resiliente, ser produtivo e contribuir positivamente com a comunidade.
É um equívoco pensar que a saúde mental depende da ausência de problemas e emoções negativas. Emoções são inerentes a todo ser humano, pois são as sensações que o corpo vivencia diante de situações diversas. O sofrimento, por sua vez, tem a ver com a forma como nós, psiquicamente, experienciamos essas emoções.
O estresse, como exemplo, é uma sensação comum a praticamente todas as pessoas, sobretudo no modelo de vida que temos hoje. Fisiologicamente, o estresse desencadeia uma série de descargas químicas que nos colocam alertas.
É um mecanismo natural, que nos impulsiona e encoraja a agirmos sobre as situações que se apresentam. Mas o estresse crônico pode gerar um desequilíbrio em todo o corpo.
Trabalho exaustivo, sono e alimentação de má qualidade, ausência de momentos de lazer e descanso, sedentarismo e excesso de telas, realidades social e familiar problemáticas, dentre inúmeras outras circunstâncias muito particulares a cada indivíduo, podem gerar aumento na produção e secreção de um dos principais hormônios relacionados ao estresse – o cortisol.
Esse hormônio em excesso tem efeitos prejudiciais em todo o corpo, da pele ao sistema cardiovascular, podendo gerar desde alergias a aumento da pressão e infarto.
E esse é o típico efeito bola de neve – uma vez estressado, o organismo descarrega grande quantidade de cortisol que prejudica o bem-estar, acarreta piora na qualidade do sono, o que gera mais cansaço e mais estresse, e o circuito se retroalimenta. Para os demais transtornos mentais não é diferente.
Ansiedade, depressão, transtornos de humor e tantas outras condições psíquicas geradoras de sofrimento, estão relacionadas – como causa ou consequência – a desequilíbrios no organismo como um todo. É importante esclarecer, neste ponto, que mente e corpo não são elementos dissociados.
A mente é parte de um organismo cujos sistemas são todos interconectados e interdependentes. A forma como agimos no mundo influencia no desenvolvimento da nossa mente, assim como as coisas que fazemos com a nossa mente impactam no restante do corpo.
Doenças psicossomáticas
Embora o termo gere uma ideia de dualismo, já esclarecemos que na prática não há essa dissociação entre corpo e mente no organismo, certo? Então a despeito da adequação do termo, o que são as doenças consideradas psicossomáticas?
Seguindo o raciocínio que trabalhamos no tópico anterior, processos de sofrimento emocional decorrentes de ansiedade, depressão, estresse crônico, traumas, dentre tantas outras condições, têm efeitos sobre diversos circuitos fisiológicos no organismo.
Os mecanismos de estresse que perpassam muitos dos transtornos psíquicos e emocionais geram desequilíbrios bioquímicos e imunológicos que podem aumentar a suscetibilidade do organismo ao desenvolvimento de sintomas, mais ou menos perceptíveis em cada indivíduo.
A doença psicossomática é, portanto, caracterizada por um conjunto de sintomas percebidos pelo indivíduo, que não apresentam causa orgânica detectada ou comprovada por exames físicos e laboratoriais.
São doenças cujo diagnóstico se dá por exclusão, uma vez que, não encontradas causas orgânicas para os sintomas, são entendidas como decorrentes de fatores psicológicos.
A recusa do paciente sobre a causa emocional dos sintomas pode gerar o agravamento do quadro psicossomático. Quando submetidos a uma entrevista de emprego, por exemplo, nosso corpo fica trêmulo, as mãos transpiram, o coração acelera.
Nesses casos, aceitamos com facilidade que todos estes sintomas estejam relacionados à ansiedade, insegurança ou expectativa pela experiência vivida. Mas é muito difícil admitirmos que o sofrimento emocional, traumas ou estresse prolongado possam causar sintomas físicos importantes.
Uma vez que o paciente recusa a causa psicossomática e a necessidade de tratamento psicológico e/ou psiquiátrico, tende a continuar buscando explicações e sentindo piora dos sintomas.
Uma vez descartadas as causas orgânicas para os sintomas e recebido o diagnóstico de doença psicossomática, o que o paciente deve fazer?
Primeiramente é compreender, sem preconceitos, que as doenças da mente existem assim como outras doenças em quaisquer outras partes do corpo. Excluir o estigma que socialmente se construiu sobre os transtornos mentais é uma parte importante da cura, pois nos move a buscar os profissionais e tratamentos adequados.
Psicólogos e psiquiatras, são responsáveis pelo diagnóstico e tratamento, medicamentoso ou não, dos transtornos mentais geradores de sintomas físicos. No entanto, adotar um estilo de vida saudável é preponderante para o bem-estar geral do paciente.
Ter uma rotina de sono de qualidade, alimentação saudável e minimamente processada, manter o corpo ativo através da prática de atividades físicas, ter momentos para desconexão das telas, estar ao ar-livre e em contato com a natureza, praticar hobbies que tragam prazer, seja no campo das artes, leitura, esportes ou quaisquer outras atividades promotoras de bem-estar, são poderosas armas contra o estresse e os transtornos psíquicos. Hábitos saudáveis nos dão melhores condições para lidar com as dificuldades, nos tornam mais resilientes e menos propensos à somatização de doenças.
Por outro lado, estilos de vida pouco saudáveis podem desencadear ou potencializar o desequilíbrio das emoções e os transtornos mentais. Não há como desvincular os cuidados com a saúde da mente, dos cuidados do organismo como um todo.
Como saber se estou com doença psicossomática?
O primeiro passo a saber é que qualquer sintoma é importante e deve receber atenção. Não podemos achar que sentir dores e outros incômodos constantemente é normal. Sintomas são a forma como nosso corpo consegue nos mostrar que algo não está bem e precisa de cuidados.
Então, diante de sintomas persistentes e injustificados, é importante consultar o profissional médico ou psicólogo e realizar os exames para entender quais são suas causas e, com isso, realizar o tratamento adequado.
As doenças psicossomáticas são diagnosticadas por exclusão, ou seja, se nenhum dos exames realizados identificar anormalidades no funcionamento do corpo que possam justificar os sintomas, entende-se que a doença seja uma somatização decorrente de transtornos psicológicos e desequilíbrios emocionais.
Parte-se então para uma anamnese que busque identificar, na história do paciente, essas causas de ordem psíquica e assim fazer o correto encaminhamento para profissionais da área.
Realizar, portanto, uma boa investigação clínica e laboratorial facilita muito o diagnóstico correto. O Laborali conta com um serviço de assessoria científica, com profissionais especializados que realizam análises acuradas dos exames, auxiliando os médicos a identificarem se há ou não causa orgânica para os sintomas apresentados e a possibilidade das queixas terem origem psicossomática.
A assessoria pode inclusive realizar a orientação do paciente quanto à especialidade médica mais adequada para buscar tratamento, diante do que sugerem os exames analisados.
Diante de sintomas persistentes, procure a assessoria científica do Laborali, realize exames de alta qualidade e receba as orientações e encaminhamentos mais adequados às necessidades da sua saúde.
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Referências: